Por muito tempo, os animais de estimação foram vistos como companheiros de trabalho, guarda ou controle de pragas. No entanto, essa relação mudou e mudou muito. Hoje, cães e gatos ocupam um lugar de destaque nos lares e nos corações das pessoas.
Essa transformação não aconteceu de forma repentina. A domesticação dos cães, por exemplo, é estimada em mais de 20 mil anos, sendo essa a primeira espécie a estabelecer uma convivência próxima com os seres humanos. Essa jornada conjunta moldou comportamentos, fortaleceu vínculos e tornou essa parceria cada vez mais próxima, em muitos casos, de interdependência.
Mas o que isso tem a ver com os tutores de hoje? Tudo.
Uma nova forma de se relacionar
De uma relação antes utilitária, passamos a construir conexões emocionais profundas com os pets. E isso se reflete diretamente na forma como os tutores encaram a convivência com eles.
Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, o isolamento social fortaleceu a presença afetiva dos cães e gatos dentro de casa. Eles passaram a ocupar um papel ainda mais importante no bem-estar emocional e na saúde mental de milhares de pessoas.
Uma pesquisa recente ajuda a ilustrar esse novo cenário. O estudo “O mercado pet no Brasil: afetos, cuidados e desafios”, realizado pela Quaest em parceria com a Petlove (2024), ouviu mais de mil tutores e revelou:
- 93% consideram que seus pets são membros da família
- 94% disseram que ter um animal melhorou sua saúde mental
- 58% costumam comemorar o aniversário dos seus pets
Além disso, muitos tutores passaram a adotar um estilo de vida mais saudável e, naturalmente, refletiram isso também nos cuidados com seus animais. Alimentação equilibrada, atenção à saúde preventiva, enriquecimento ambiental e bem-estar emocional se tornaram prioridades.
Diferentes perfis, um mesmo afeto
Com o passar do tempo, surgiram diferentes formas de se relacionar com os pets. Cada tutor tem seu jeito e todos têm em comum o carinho e a responsabilidade por aquele que escolheu fazer parte da família.
Abaixo, listamos alguns dos principais perfis que têm se destacado nos lares brasileiros:
Tutor desapegado
É prático, mais objetivo e costuma oferecer o essencial: alimentação, espaço, cuidados básicos. A relação é respeitosa, mas não é de muita troca emocional. Ainda assim, o vínculo existe e se expressa em gestos simples, mas consistentes.
Tutor amigo do pet
Trata o pet como um verdadeiro companheiro. Passeios, brincadeiras, momentos de relaxamento juntos. Gosta da presença do animal no dia a dia e costuma incluí-lo em boa parte da sua rotina. Para esse tutor, o pet é sinônimo de parceria.
Pet lover emocional
Enxerga o pet como um membro da família, muitas vezes, como um filho. Costuma mimar, registrar cada momento, comemorar datas especiais e, principalmente, oferecer um cuidado cheio de afeto. Preocupa-se com o bem-estar emocional do animal e valoriza a conexão afetiva.
Pet lover racional
Cuida com muita atenção e responsabilidade. Pesquisa, busca orientação profissional e prioriza escolhas conscientes, seja na alimentação, nos produtos de higiene ou na rotina de saúde. Enxerga o pet como parte da família, mas com uma abordagem mais racional e planejada.
Convivência que ensina e conecta
A presença dos animais de estimação nos lares brasileiros está longe de ser apenas uma tendência. É resultado de uma história de convivência e evolução conjunta e reflete uma mudança na forma como nos relacionamos com o mundo e com o outro.
Independentemente do perfil, uma coisa é certa: os pets estão mais presentes do que nunca. E a forma como cuidamos deles diz muito sobre quem somos e sobre o tipo de sociedade que queremos construir.